quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sobre o mais novo primeiro emprego

No subsolo do subsolo – leia-se garagem! –, do anexo do anexo – ou edifício P., dois caras se aventuram pelo submundo do Serviço Público. Em meio a muitos armários e arquivos, M. e R. se vêem rodeados pela inexperiência e o abandono.

Sim! Este é o cenário em que se encontra M. no seu mais novo desafio: o primeiro emprego. Há quem possa dizer: Eu avisei! O serviço público é terrível. E há também quem diga: Puts, que azar. Tanta coisa pra fazer e você foi parar logo lá?

Mas, vejamos os acontecimentos, passo a passo, para podermos perceber melhor que situação é essa em que M. se encontra.

Segunda-feira, às 9h da manhã, M. chegou ao saguão de atendimento do anexo da sede do MS. Duas horas de molho depois, às 11h, M. tirou uma foto para o crachá. Em seguida, pediram que retornasse às 14h. Obedientemente, M. fez o solicitado e às 15h foi encaminhado à SVS. Só para saber que apenas no dia seguinte iria para o departamento onde trabalharia.

Ok. Ok. Lá foi ele de volta pra casa, sem novidades.

No dia seguinte, M. foi direcionado ao DAD. Assustado, M. ouviu o servidor N. falar sobre o Departamento e seus projetos. Seria N. o chefe de M.? Não. M. ainda foi encaminhado para A. Esse sim seu chege. A., diga-se de passagem, é um homem muito sensível, sensível até de mais...

Não sei se A. foi muito com a cara de M., mas, considerando para onde M. foi mandado, acho que não. É... eis um serviço que poucos gostariam. Arquivos! Aí está agora M. Na garagem do edifício P, anexo do anexo do MS. Rodeado por reformas barulhentas, escandalosas!, e tendo como único contato humano R., M. passa o dia tendo que organizar uma bagunça que 4 servidores anteriores fizeram durante 4 anos.

Bagunça imensa!, diriam alguns. De fato! Mas deram-lhes colheres de chá... um chazinho bem doce! “Separem uma hora do dia pra vocês organizarem isso. Essa bagunça não é culpa de vocês. Não se preocupem com ela. E no resto do tempo, atendam às solicitações.” Ok! Vocês que mandam. Mas... que solicitações? As duas que chegam por dia? Opa! Tempo livre!

Quando encontra criaturas lá do lugar onde o sol bate – leia-se, qualquer lugar que não seja a garagem –, comentam com M. o quanto deve ser chato estar naquela escuridão (ah é, tem pouca luz onde M. está). Quando vê o sol, M. sente os olhos arderem como os pulmões de um recém-nascido que pela primeira vez sente o ar.

É meus amigos. Este é o novo serviço de M. Na escuridão da garagem de um prédio anexo do anexo de um ministério; lá no submundo – onde não chega sinal de celular – , na presença de apenas um servidor – muito gente fina por sinal; com todo o tempo do mundo para ler, escrever, cochilar, entrar na internet (mas só quando tiver uma conta). Sim, por enquanto sem internet, permanentemente sem sinal de cel, e sem ramal! Em outras palavras: ILHADO!

Bom? Ruim? Só o tempo dirá! 2 dias não são o bastante para avaliar. Se vai ficar aqui muito tempo? Nem que a vaca tussa, o boi se coce, e o cavalo pigarreie. Mas umas semaninhas, pra poder escrever, ler e esperar os primeiros passos do outro concurso, não fazem mal a ninguém, fazem?

2 comentários:

  1. Amigo querido, vc está escrevendo muito bem :)) Talvez inapropriadamente, digo que até ri da situação de M. Para nós, que sonhamos em mudar o mundo, essa primeira experiência pode vir como um caminhão desgovernado... mas quem disse que os calouros sofrem apenas na Universidade, haã?
    Parcimônia, amigo. Melhores ilhas virão! Amo-te! Beijo, Gabióloga ;)

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  2. Faço de minhas palavras as da Gabs!!!
    e de uma coisa tenho certeza, leve suas armas (A Bíblia e um bom livro) e vá conversar com Alguém que entende melhor o porque de tudo isso!!
    Tudo é temporário. Aproveite o momento para alimentar as suas forças para o melhor que virá!
    AMO!

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