terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sobre coisas que devo fazer antes de morrer

E agora? Via-me em uma estrada bifurcada, sem saber que direção tomar. Haveria um rumo certo? A decisão correta existiria? Ou seria o universo indiferente à minha escolha? Muito provavelmente. Por hora, pensava que estava com uma dúvida cruel. Não. "Cruel", pensei melhor, "é ter que decidir se rouba para matar a fome dos filhos, ou se continua sem ter um pedaço de pão para colocar na mesa".

A minha dúvida era simples. Na verdade, era extremamente egoísta e simplória. Ainda assim, era uma dúvida séria. Isso: séria.

Desculpem-me se fiz muito mistério sobre a dúvida, em breve verão que não é grande coisa, mas ela me afetou durante uns dias, e, de certa forma, definiu os rumos de parte da minha vida. Vejam bem, eu estava entrando em um novo emprego e tinha que decidir entre trabalhar 30 horas ou 40 horas semanais. Simples, não? Nada cruel.

Eu sei, mas naquele momento de vida que eu estava vivendo, era uma decisão que poderia mudar os rumos de muita coisa no meu modo de levar os dias. Sabe, não era sobre trabalhar menos ou ganhar mais. Não era sobre ter tempo ou ter dinheiro. Era sobre planos, sonhos, metas, desejos.

Explico. Trabalhar 30 horas significava ter tardes ou manhãs livres para escrever. Na época, escrever um livro, uma história de sucesso, um épico como "O Senhor dos Anéis", ou uma história de uma geração inteira como "Harry Potter" era o meu maior desejo. O meu maior problema, em contrapartida, era não ter tempo para me dedicar a isso. Trabalhar 40 horas, por sua vez, me renderia mais dinheiro. Mas não era o dinheiro. Não, não era o dinheiro.

Nunca gostei de dinheiro. Digo, nunca gostei de ter dinheiro. Mas sempre gostei de gastá-lo. Não que eu fosse fútil. Não gostava de futilidades. Eu gostava era de viagens. Ter mais dinheiro, portanto, significava viajar mais.

E era com essa dúvida que eu me encontrava. Viajar ou escrever? Escrever ou viajar? Veja bem, estava pensando com imediatismo mesmo. Podia escrever um livro anos depois. Podia viajar quando tivesse filhos ou quando estivesse aposentado. Mas eu estava pensando no agora. Imediato. Daí a um ano ou dois.

Não importa o que eu decidi. Importa que enquanto estava com essa dúvida, me imaginei viajando para vários lugares. Imaginei meus livros escritos na estante. Ouvia Jack Johnson e me imaginava surfando em uma praia paradisíaca! Ah, como eu tinha vontade de surfar.

Surfar???

Eu nunca tivera vontade de surfar, mas, agora, parecia-me tão claro que eu precisava surfar na próxima vez que voltasse à praia. E, claro, para isso, precisaria de uma grana extra. Tá aí. Surfar. Isso definitivamente era algo que eu tinha que fazer antes de morrer. Assim como escrever um livro. Eu precisava escrever um livro antes de morrer. E surfar. E visitar a cidade de Assis. E ler muitos e muitos livros e ter uma noite de autógrafos e dar uma entrevista em um talkshow. E fazer snowboard e paraquedismo...

Cara! Eu precisava escrever uma lista de coisas a fazer antes de morrer! Mas tudo me parecia tão urgente!!! Pensava em tudo que queria, mas queria tudo para agora!

É! Eu precisava escrever uma lista de coisas que deveria fazer antes de morrer, e precisava realizá-las antes do 30 anos.

Então... tenho 6 anos até lá!!!