segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Sobre uma manhã de natal


São 5h da manhã! O despertador grita! As pouquíssimas horas de sono fazem com que o despertar seja mais doloroso, até cruel. No entanto, há algo que os impulsiona da cama, há uma motivação.

Levantam-se. Cada um, à sua maneira, se prepara para dar início à manhã de natal. Escovar os dentes, lutar contra a vontade de dormir de novo, tomar café da manhã, lutar, arrumar a cama (cama de novo?), trocar de roupa.

Será que todos acordaram?, mandar mensagem do celular. “Podem vir. Estamos acordados”.

Às 5h30h começa a preparação. Corta o pão, passa a manteiga, coloca o presunto, coloca o queijo. Pão, manteiga, presunto, queijo, pão manteiga, presunto, queijo, pão, manteiga, presunto, queijo... o verso se repete 150 vezes. Leite, chocolate, café, chá. Bolacha, biscoito, banana. Dezesseis pessoas ajudam, algumas acabam de se ver pela primeira vez.

7h, tudo pronto! Pessoas desconhecidas receberão um delicioso café da manhã na entrada do Hospital de Base, depois de passarem a noite de natal sem presentes, sem ceia, sem família, apenas com a espera e a esperança. É preciso confortar alguns corações.

Três carros rumam para o hospital. Alguém fala com o guarda, não tinha nada combinado. Tudo certo. Funcionários, acompanhantes de enfermos, mendigos ali na porta, cobrindo-se do frio da manhã, cruel, mas principalmente querendo esquentar o coração. Alguns, não tendo outra saída, o esquentam com álcool. Todos convidados.

Muito agradecidos, sorrisos, desejos de boas festas. Conversa vai, conversa vem. Mais gente chega, todos aproveitam. Vê como é Deus, diz um, antes de deitar no banco para descansar, pensei: meu Deus, não tenho dinheiro nem pro café da manhã.

Uma família acaba de perder o pai. Desconsolo. Choro. Que fazer? Não tenho palavras. Alguém tem, são muitos. Cada um à sua maneira, ajudando como pode.

Algumas horas e conversas depois, muita comida sobra, e como, infelizmente, não faltam famintos... rumo à rodoviária. Anda pra lá, anda pra cá. Muitos recebem um pouquinho, nem que seja um pouquinho, pra enganar a fome.

Pronto, tudo entregue. Voltam pra casa, mais realizados. Ganharam mais que receberam, com certeza.

Foi pouco, sem dúvida... mas foi alguma coisa. Mais do que normalmente fazem.

Fica o desejo de que todo ano seja assim. E de que todo dia seja natal.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Sobre o que há em mim

Há em mim

Há em mim algo além do que aparece
Muito mais do que conheço
Uma parte que, calada,
Grita, pois parece que pereço.

Há em mim uma alma que carece
Muito mais do que apreço
Precisa ser sanada
De tudo aquilo que padeço

Há em mim um poeta, um escritor
Sufocado todo dia, a toda hora,
Por aquilo que não sou

Há em mim apenas eu
Pois aquilo que sei, o que fui
Não há em mim, não é meu.

Miguel Sartori

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sobre o Deus que se fez menino

Deus viu, a partir de Adão, que a sua grandeza suscitava no homem resistência; que o homem se sente limitado no ser ele próprio e ameaçado na sua liberdade. Portanto Deus escolheu um caminho novo. Tornou-Se um Menino. Tornou-Se dependente e frágil, necessitado do nosso amor. Agora – diz-nos aquele Deus que Se fez Menino – já não podeis ter medo de Mim, agora podeis apenas amar-Me.



Amados irmãos e irmãs, hoje «manifestou-se a graça de Deus Salvador» (cf. Tt 2, 11), neste nosso mundo, com as suas potencialidades e as suas debilidades, os seus progressos e as suas crises, com as suas esperanças e as suas angústias. Hoje refulge a luz de Jesus Cristo, Filho do Altíssimo e filho da Virgem Maria: «Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus». Adoramo-Lo hoje, em cada ângulo da terra, envolvido em faixas e reclinado numa pobre manjedoura. Adoramo-Lo em silêncio enquanto Ele, ainda infante, parece dizer-nos para nossa consolação: não tenhais medo, «Eu sou Deus e não há outro» (Is 45, 22). Vinde a Mim, homens e mulheres, povos e nações. Vinde a Mim, não temais! Vim trazer-vos o amor do Pai, mostrar-vos o caminho da paz.

Vamos, pois, irmãos! Apressemo-nos, como os pastores na noite de Belém. Deus veio ao nosso encontro e mostrou-nos o seu rosto, rico em misericórdia! A sua graça não seja vã para nós! Procuremos Jesus, deixemo-nos atrair pela sua luz, que dissipa a tristeza e o medo do coração do homem; aproximemo-nos com confiança; com humildade, prostremo-nos para O adorar. Feliz Natal para todos!

Papa Bento XVI (25.12.08)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Sobre um pedido ao Papai Noel


Querido Papai Noel,

Este ano fui um menino muito bom, sabe? Não faltei nenhuma aula no colégio, exceto aquele dia em que eu estava doente. Prestei atenção na maioria das aulas, exceto as da tia Mafalda, ano passado eu já escrevi pro senhor falando como eu não gosto dela. Fui muito bem em todas as matérias, mesmo na da tia Mafalda, porque estudava em casa quando chegava da escola, antes de ir jogar bola com meus amigos.

Ah, por falar nisso, não briguei com ninguém no futebol esse ano, exceto uma vez, com o Joãozinho, mas o senhor viu, foi pênalti, ele colocou a mão na bola, tenho certeza...

Em casa eu fui um filho exemplar. Dormi cedo, acordei cedo, levava meu prato na pia depois do almoço, obedecia meus pais na maioria das vezes, exceto quando eles me pediam pra parar de jogar vídeo game, aí eu demorava um pouquinho pra obedecer.

Visitei minha avó quase todo fim de semana, não briguei com meu irmãozinho, fiz tudo direitinho...
...

Mas sabe Papai Noel, agora que estou escrevendo essa carta, acho que eu exagerei um pouco dizendo que fui muito bom... Bom é uma palavra muito forte, sabe?

Acho que ser bom é mais do que eu fui... Não papai Noel, não estou dizendo isso por causa dos excetos. Os excetos acontecem, não somos de ferro. Não, o problema não foram os excetos.

Acho que fiz tudo certinho, mas o problema também não é o que eu fiz... O problema, papai Noel, o que faz com que eu tenha sido só bonzinho e não bom, é o que eu não fiz. Papai Noel, eu não ajudei muita gente que precisava de mim, mais especificamente, uns coleguinhas que precisavam de uma mãozinha pra aprender melhor a matéria. Tem também uma coleguinha, papai Noel, que ninguém dava atenção pra ela, nem eu...

Papai Noel, o filho da moça que trabalha aqui em casa não tem brinquedos tão legais quanto os meus e eu nunca dei um brinquedo meu pra ele.

Se eu puder recomeçar a carta...

Querido Papai Noel,

Este ano eu fui um menino bonzinho. É. Só bonzinho. Por isso, quero pedir que me dê algo que me ajude a ser melhor ano que vem. Pode ser uma bicicleta, daquela nova com várias marchas... Não Papai Noel, não é pra mim. Sei quem precisa dela mais que eu e quero presenteá-lo eu mesmo, se me permitir...

Obrigado,

Pedrinho

Sobre a arte de amar

Amigos,

“Amamos porque Deus nos amou primeiro” (I Jo 19).
Renova-se sempre, nessa época de Natal e fim de ano, o propósito, mais, o compromisso, de sermos um pouquinho melhor a cada dia, no próximo ano. Renova-se a esperança por um mundo melhor, com mais amor.
Sempre corremos o risco, no entanto, de deixar esse propósito como ideal inatingível, estabelecendo a meta de sermos melhores e de construirmos um mundo melhor, mas sem empenharmos os meios para atingi-la. Não adianta, para atingirmos uma meta, precisamos colocar mente, alma e coração para trabalhar em prol dela. É preciso pensar em meios concretos.
Construir um mundo melhor... como atingir este ideal?
Recordo-me que, certa vez, ouvi alguém dizer: ‘Muitos dizem por aí que o socialismo é a solução para a construção de um mundo mais igualitário, mais justo. Outros, que o comunismo. Outros, ainda, lutam com unhas e dentes pela reforma agrária ou outras políticas de governo na esperança de que isso resolva as desigualdades. Acredito, entretanto, que a única força capaz de mudar o mundo é a mudança do coração de cada homem, é estabelecer novos valores e uma nova compreensão do que nos traz felicidade. A única força capaz de mudar o mundo é a vivência do amor pregado no Evangelho’.
Que amor é esse? Mais, como vivenciar esse amor, que a primeira vista parece tão difícil? Sugiro, neste fim de ano, que ao fazermos nossos propósitos para 2009 meditemos um pouco em algumas passagens do Evangelho que podem nos ajudar a atingir a inatingível (?) meta de construir um mundo melhor. Aí vão algumas:

Mt 5, 1-11(As bem-aventuranças) / Mt 6, 19-23 / Mt 7, 1-5.12 / Mt 14, 13-21 (O milagre da partilha) / Mt 22- 34-40 / Lc 10, 25-37 (O bom samaritano) / Lc 12, 13-21 / Lc 16, 19-31 / Lc 17, 7-10 / Jo 8, 1-11 / Jo 13, 1-17

Além disso, proponho um outro meio para atingir o ideal de sermos melhores e de reconstruir o meio que nos rodeia. Insisto em dizer que penso que a vivência do amor é a única forma de alcançar os ideais a que nos propomos (inclusive o ideal da felicidade). O amor é tudo e é preciso aprender a vivê-lo, como aprendemos ciências, literatura; é preciso praticá-lo com a constância e perseverança de quem pratica um esporte, de quem aprende a tocar um instrumento. É preciso apreciá-lo, como quem aprecia uma pintura, uma música. Para isso, apresento-lhes (para os que não conhecem) a Arte de Amar.

“A caridade é uma virtude importantíssima, é tudo. Portanto, convém, desde já, empenharmo-nos em vivê-la um pouco melhor. Para tanto, é preciso saber quais as coisas que a fazem especial. Diz um pensador: ‘Amar é bom; saber amar é tudo’. Sim, saber amar, porque o amor cristão é uma arte, e é preciso conhecer essa arte.
A verdadeira arte de amar emerge por inteiro do Evangelho de Cristo. Colocá-la em prática é o primeiro e imprescindível passo a ser dado para que se desencadeie a revolução pacífica, tão incisiva e radical, que muda tudo. Ela atinge não apenas o campo espiritual, mas também o humano, renovando cada sua expressão: cultural, filosófica, política, econômica, educativa, científica etc. é esse o segredo da revolução que possibilitou aos primeiros cristãos invadirem o mundo então conhecido.”
(Chiara Lubich)

Amar a todos
A primeira qualidade do amor cristão é amar a todos.
Essa arte de amar pretende que amemos a todos, sem distinção, como Deus ama. Não há que escolher entre simpático ou antipático, idoso ou jovem, compatriota ou estrangeiro, branco ou negro ou amarelo, europeu ou americano, africano ou asiático, cristão ou judeu, mulçumano ou hinduísta... O amor não conhece nenhuma forma de discriminação. Se somos todos irmãos, devemos amar a todos. Devemos amar a todos. Parece uma coisinha de nada... Mas é uma revolução!

Amar o inimigo
“Amai os vossos inimigos” (Mt 5,44). Isso sim vira pelo avesso nosso modo de pensar e faz que todos dêem uma guinada no timão da própria vida! Ele está ali na senhora tão antipática e implicante que procuramos evitar... está naquele parente próximo que prejudicou nosso pai trinta anos atrás... está na carteira de trás na escola... é aquela moça que foi embora com outro... aquele comerciante que nos enganou... são aqueles que, politicamente, não pensam como nós e por isso consideramos inimigos...
Pois bem, todos esses e uma infinidade de outros, que chamamos de inimigos, devem ser amados. É preciso coragem. Mas não é o fim do mundo: um pequeno esforço da nossa parte, pois noventa e nove por cento é Deus quem faz e... no coração, sentimos uma enxurrada de alegria.

Amar primeiro
Outro passo da arte de amar, talvez o que requer mais empenho de todos, que põe à prova sua autenticidade e sua pureza, pede que amemos primeiro, tomando sempre a iniciativa, sem esperar que o outro dê o primeiro passo.
Fomos criados como um dom uns para os outros e cumprimos esse nosso ser pondo todo o empenho pelos nossos irmãos e irmãs com aquele amor que antecede qualquer gesto de amor do outro.

Fazer-se um
Há um ponto da arte de amar que ensina como colocar em prática o verdadeiro amor pelos outros. É uma fórmula simples, feita de apenas duas palavras: “fazer-se um”.
“Fazer-se um” com os outros significa assumir os fardos deles, as preocupações deles, partilhar os sofrimentos e as alegrias deles.
“Para os fracos fiz-me fraco ... Tornei-me tudo para todos a fim de ganhar o maior número possível” (I Cor 9, 22.19)
Sim, esse é o caminho, porque é o mesmo que Deus percorreu para manifestar-nos o seu amor: Ele se fez homem como nós e foi crucificado e abandonado, para colocar-se ao mesmo nível de todos. Fez-se verdadeiramente “fraco com os fracos”.

Ver Jesus no outro
O amor evangélico quer que reconheçamos Jesus no próximo, como Ele disse, ao falar do juízo final: “Pois tive fome e me deste de comer. Tive sede e me destes de beber ... Em verdade,, vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmão mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 35.40).
Portanto, essa arte de amar requer também que reconheçamos Jesus, que acreditemos que Jesus está por trás de cada irmão, porque Ele considera feito a si o bem e o mal que foram feitos ao próximo.

Amor recíproco
“Fazer-se um”: é isso o amor.
“Fazer-se um” até que a pessoa amada desse modo entenda o que é o amor e queira, por seu turno, amar.O amor verdadeiro, a arte de amar, em seu ponto culminante, é amarmo-nos mutuamente. Amarmo-nos mutuamente de tal modo que mereçamos o dom da unidade. Porque nós não sabemos fazer a unidade. Podemos fazer a nossa parte, amarmo-nos, mas a parte mística da unidade, a presença de Cristo em nosso meio, deve vir do Céu.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sobre o Ano Novo ano passado

No processo de fazer a "retrospectiva do ano segundo o Gmail", voltei um pouquinho antes no tempo virtual e me deparei com meus votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo que escrevi a alguns amigos em 2007. Precisamente, mandei o e-mail no dia 21/12. Enquanto não escrevo meus votos desse ano, deixo aqui os do ano passado! ;o)


Amigos,

mais um Natal se aproxima. Os desejos de Boas Festas se multiplicam e todos se sensibilizam com as necessidades e os sentimentos do próximo. Todos se lembram de Deus e do Menino Jesus, alguns até vão à missa depois de um ano todo sem o fazer.

É impressionante como o ser humano gosta de datas e como estas são esperadas, são usadas como prazos, como começo e fim de muitos propósitos. Nessa época em especial, corações amolecem, propósitos de uma nova vida e de novos valores são feitos. Que bom! Mas hoje pensei muito sobre como nos conformamos com isso e como às vezes até distorcemos alguns significados em prol dessa nossa cultura de valorização de datas.

Para quantos de nós, nisso me incluo, que estamos nos preparando para o Natal, quando passar essa data, tudo vai voltar a ser como era antes? Quantos de nós faremos propósitos para o novo ano e depois de um mês de tentativas não desistiremos e diremos: "Ano que vem eu me ajeito".

Ora, a importância do Natal enquanto data é celebrar o nascimento de Cristo, a vinda de Deus ao mundo na simplicidade e por amor a nós. É recordar e tornar isso presente e real em nossas vidas. Mas, o Natal, a vinda de Cristo, o seu nascimento em nós, acontece todos os dias, todas as vezes que deixamos que ele entre em nossos corações e transforme as nossa vidas. Temos que estar preparados sempre para essa chegada. Temos que estar atentos às necessidades do próximo TODOS os dias, por que TODO dia é Natal.

Da mesma forma, todo dia é um Dia Novo! Uma nova oportunidade de fazer bem feito o que não fizemos no Dia Passado, de consertar o que estragamos no Dia Passado, de perdoar quem magoamos no Dia Passado. Todo dia é tempo de novos propósitos, de deixar o Homem Velho e deixar Deus nos transformar em um Homem Novo, de mudar conceitos e preconceitos. Toda manhã é tempo de fazermos o propósito de amar mais! Por que esperar um ano todo para isso? Por que desistir no meio do ano e decidir ajeitar as coisas só no ano que vem.

Não peço para não darmos importância às datas, mas para repensarmos alguns conceitos. Deus não nos quer homens novos para amanhã, mas para hoje! Não esperemos o dia 01 de janeiro para isso. O dia 22 de dezembro está chegando, quem e como serei nesse Novo Dia?

Desejo sim a todos Boas Festas! Um 2008 cheio de bênçãos e graças. E desejo também que hoje você (e eu) ame mais a si mesmo, ame mais a sua família, os seus amigos, os seus inimigos, os seus desconhecidos e principalmente a Deus. Desejo que hoje, você (e eu) acolha com alegria o Menino Jesus que chega e se faz presente em nosso meio. Que hoje Maria Santíssima te cubra com o seu véu e seja exemplo de amor para você (e para mim). Não se esqueça de Deus nesse Dia Novo, que Ele seja a sua (e minha) prioridade nesse tempo.

Que amar seja o seu maior propósito para o Dia Novo. E que o segundo maior seja também o amor. E que depois desses venha o amor e se hoje você (e eu) se cansar de amar, respire fundo e volte a amar ainda hoje e não ano que vem...

São meus sinceros votos de Feliz e Perpétuo Natal e PrósperoS DiaS NovoS. =D

Miguelito

domingo, 21 de dezembro de 2008

Sobre a Insatisfação

Eduardo tem quase tudo para ser feliz. Mora em uma casa bem localizada no centro da cidade; seus pais tem dois carros novos; estuda na melhor faculdade; tem uma namorada linda que o ama. Mas Eduardo não tem tudo o que precisa para ser feliz. Não... Feliz mesmo é Leandro, amigo da faculdade de Eduardo. Leandro, apesar de não morar tão bem quanto Eduardo, não ter os carros que Eduardo tem, parece ter um futuro profissional brilhante exatamente na área de de seu amigo. Leandro sim, tem tudo para ser feliz. Com futuro profissional garantido, em breve subirá na vida, terá condição financeira e o melhor de tudo, fazendo o que gosta, sendo um dos melhores na área em que trabalha.

Ah Leandro. Que cara de sorte...

... mas nem tanta. Leandro não tem a quantidade de amigos que gostaria de ter e, afinal de contas, o que conta mesmo na vida não é o que você tem, mas quem você tem por perto. Leandro tem poucos amigos. Desde criança, nunca foi tão popular quanto Alessandro, cara bonitão, boa pinta, conversador. Se em uma festa Leandro via muita gente reunida, sempre, repito, sempre (é impressionante) Alessandro estava ali. Alessandro encanta as pessoas. Elas se sentem atraídas por sua simpatia e alegria. Ah, quisera Leandro ser como Alessandro, que aliás, nem é tão feliz assim.

Alessandro não se sente respeitado em casa. Seu pai já não o enxerga como o orgulho da família desde que trocou a faculdade pela natação. Tem até futuro no esporte, mas pro pai, homem que ganha a vida nadando, jogando, correndo, enfim, fazendo qualquer coisa que não seja pensar, calcular, administrar, é vagabundo.

Feliz mesmo, é Rodrigo. Rodrigo sim. É o orgulho do pai e da mãe. Apesar da educação deficiente que teve, batalhou, cresceu na vida, estudou e se formou. Seu pai o apresenta com um sorriso imenso no rosto. “Ah, esse é meu filho, Rodrigo”. E Rodrigo, que nem é tão feliz, nem sempre apresenta o pai com tanto entusiasmo, afinal, seu pai é vendedor e não subiu tanto na vida. Na verdade, na verdade, feliz é Eduardo. Seu pai é advogado, sua mãe psicóloga e sempre teve o que quis. Não precisou batalhar pra subir na vida, nasceu em berço de ouro... Mas, mal sabe Rodrigo, pra Eduardo, feliz mesmo é Leandro...

Miguel Sartori

Sobre o Ano Novo

Que venha o Novo

Que venha o Ano Novo,
Quando tudo se renova,
Quando tudo que era velho
De novo em novo se transforma.

Transforma-se em amor o ódio,
Nasce de um Novo Mundo a esperança,
Renovam-se a juventude e a alegria.
Renova-se em nós o sorriso da criança.

Pois que venha o Ano Novo,
E, com ele, a vontade de fazer tudo outra vez.
“Faça-se no Novo Ano o que no Velho
Muito mal ou pouco bem se fez.”

E que venha o Novo Ano.
Sim, que venha o Ano Novo.
E com ele, mais que nunca quero, peço,
Que com o Novo Ano venha, também,
A certeza de que não são precisos Anos Novos
Pra começar tudo outra vez.

Bendito seja o Ano, quer seja Novo ou seja Velho,
Em que aprendamos (EU também)
A renovar tudo a cada noite, na iminência do Novo Dia,
Pois o Dia Novo já vem.

Miguel Sartori

sábado, 20 de dezembro de 2008

Sobre 2008 segundo o GMAIL

Hã???

O que você quer dizer com "2008 segundo o GMAIL?".

Pois é, explico: acabo de descobrir uma nova funcionalidade do Gmail: armazenamento de memória recente. É isso aí. Estava tentando fazer uma restrospectiva de 2008. Comecei com Janeiro e logo: "Puts, o que eu fiz em janeiro? Mal lembro se estava em Brasília ou não..." E de repente surge uma luz. Eu não lembro onde eu estava, mas com certeza o Gmail sabe. Corri ao computador --> abri o Gmail --> pesquisa avançada --> mensagens de 01/2008!!! E lá estava. Todos os e-mails que mandei e os e-mails que recebi. Bom, nem tudo que fiz nesse ano foi registrado no Gmail, afinal não recebi convites de festa por e-mails, não fiz cursos, nem a faculdade a distância... masss... sem dúvida que deu pra ter boas recordações. Além disso, ler-me o que escrevi há meses atrás foi uma experiência enriquecedora. Recomendo essa experiência a todos.


Chega de papo furado, maõs a obra. Começo com janeiro e fevereiro depois posto outros meses...


Dia 12 de janeiro – Envio o começo de um livro que começo a escrever – um dos muitos que comecei...
Galib seria um reino, cujo rei seria deposto por um de seus fiéis subordinados. A única chance de Galib voltar ao que era antes seria A Resistência, um grupo de guerreiros e de aldeões comuns que não estavam no reino quando tudo aconteceu... eis o que escrevi, que por sorte enviei a um amigo no dia 12 de janeiro. Parece que Galib não será salva e que a história de Guil e Yara jamais será contada... Será?


A morte de Yara.
A decisão de fazer as coisas por si mesmo.

Guil entrou com Yara na capela. O corpo sem vida de sua namorada repousava em seus braços. Cabelos longos e negros quase tocando o chão, seus olhos azuis como o mar escondidos abaixo das pálpebras finas, a pele que fora clara como a neve, agora estava mais branca do que nunca. Guil quase não sentia o corpo de sua namorada, estava leve, como se a morte tivesse levado uma parte dele. A parte mais pesada, pensou. Não sabia onde ela estaria agora. Yabaka? O céu. Gostava de pensar que sim. Sim, ela estava em um lugar melhor. Aliás, pensou Guil, naqueles dias, qualquer lugar que não fosse Yby deveria ser um lugar melhor.
Ele caminhava com o seu corpo até o centro da capela. Incomodavam-lhe os olhares. Todos em pé, olhando para a matéria sem vida que um dia pertencera a uma mulher que, apesar da presente aparência, demonstrou maior vivacidade e coragem do que todos ali presentes. Contudo, não poderia culpá-los pela morte de Yara. Sabia disso, e era o que mais doía. Ele era o único culpado. Fora sempre fiel, esteve sempre ao seu lado, mas quando ela mais precisou se afastou. “Ao menos coube-me levá-la à pedra central. No fundo, então, os acontecimentos dos últimos dias não foram suficientes para apagar a vida que tivemos juntos”. Esse pensamento o consolou.
Nas primeiras fileiras estavam os seus novos líderes: Rodolfo e Abriaão. Ambos com olhares baixos, derrotados. Guil sabia o que esperar deles. Não reagiriam. Não contra-atacariam. Não por agora. E, muito possivelmente, nunca. Haviam deixado de ser homens de fibra desde que saíram de Galib há cinco anos atrás. O que fez Guil pensar que, na verdade, nunca o haviam sido.
Passou pelos primeiros assentos. Subiu os degraus que levavam à pedra central. Leo e Elias estavam ao lado da pedra, haviam trazido os corpos de Fred e Lucas. Eram só os três agora e não sabia se Leo ainda estava disposto a lutar. Com as últimas perdas talvez se reacendesse nele o espírito que sempre tivera, mas Guil não tinha muita esperança de que isso acontecesse. Será que tudo estava perdido? Depois de tanta luta e tantas perdas?
Depositou o corpo de sua amada ao lado de Fred e Lucas. Sentia que deixava ali uma parte de si. A parte mais pesada, pensou com tristeza. A única pessoa que sempre o entendera, a única capaz de conter seus impulsos de fama e glória. O único consolo nos últimos anos. A única razão para se levantar ao menos um pouco feliz. Isso tudo agora se fora. O peso de tudo seria muito maior, a tristeza talvez insuportável. Sentiu um aperto angustiante no peito. Queria arrancar o coração fora para que não doesse mais. Não podia. Sabia que muitos outros precisavam dele. Ainda havia sentido em lutar. Uma única lágrima escorreu pelo seu rosto. Caiu sobre os lábios cerrados de Yara. Iratembé, lábios de mel, chamava-a. Tocou seus lábios no dela. Não tinham mais o gosto do mel. Aliás, que gosto tinha o mel? Havia tanto não o experimentava, na verdade, não sentia como realidade muito do que acontecera no passado, tudo parecendo tão distante da realidade presente. Mas sabia que o mel era realidade. No fundo, ainda podia sentir seu sabor, o sabor do último beijo que dera em Yara, na viva Yara.


Dia 21 de janeiro – recebo a lista da equipe do AVC (aprofundamento da Vivência Cristã), encontro do Movimento Escalada da Arquidiocese de Brasília que coordenei com uma querida amiga! =D



Dia 28 de janeiro – envio para minha orientadora na Embrapa a revelação de uns géis de agarose de milho para serem analisados (alguém entendeu alguma coisa?). Pois é, em janeiro estava estagiando na Embrapa. Parece que faz tanto tempo... saí logo depois, em março mais ou menos...






Em fevereiro, muuuuuitos e-mails trocados com a coordenação do AVC. Eita lasquera, ta chegando, ta chegando... muita coisa pra resolver e pouco tempo disponível, masss... com a graça de Deus, tudo vai dar certo, AVC foi 29/02 e 01 e 02/03... Segue o Alpinista Virtual que recebemos em nossas caixas de correio no fim do mês.



E fevereiro foi só isso? Necas... óficórsi nóti... Além do estágio na Embrapa que continuou, no comecinho de fevereiro (ok, comecei fevereiro de trás pra frente, tarde de mais, já escrevi e não vou começar de novo...), dizia eu, no comecinho de fevereiro vivenciei nada mais nada menos que o XI ACAMPS!!! Um dos encontros mais marcantes da minha vida! As partilhas deixam saudades, ah deixam. SIMEÃO UH UH! Não adianta falar muito, só quem tava lá pra saber... Segue partilha virtual que mandei para a galera da tribo na semana seguinte...
Aaaaaaaaaaaah... ficar sem partilhar me faz mal...
Então decidi não guardar o que tenho levado dentro do peito nesse quinto dia e colocar tudo pra fora para as mais novas pessoas que amo.
Primeira coisa: adoro escrever!!! Se no meu incerto futuro eu não tiver um bom trabalho, e mesmo se tiver, pretendo escrever uns livros como bico e diversão. Ok, mas isso não tem nada a ver com o quero dizer. Foi só para justificar o fato de estar escrevendo hehehehehe.
Por onde começar?
Bom! Deus é bom de mais pra mim!!! Coloca sempre as oportunidades certas nos momentos certos. Às vezes é difícil perceber isso, mas se prestarmos atenção nos sinais (né, Lorena? =D) veremos que é assim que funciona. E como esse acamps foi bom! Arejei a cabeça, distraí de pensamentos que não me deixavam em paz, me diverti de mais, me conheci bem mais, rasguei o coração pro Santíssimo tantas vezes e pra vocês algumas.
Ele é Paizão mesmo, né? Cuida, repreende, perdoa! Repreende sim! Toda essa história de desafios e dificuldades me fez refletir que bondade não é passar a mão na cabeça e dizer que está tudo bem, mas é fazer de tudo para que a pessoa amada se realize como PESSOA INTEIRA, e para isso, repreensões e barreiras são necessárias, entendem? Como o pai que não deixa o filho brincar e dormir o dia inteiro. Não é que ele não queira a alegria do filho, mas estudar, arrumar o quarto e etc é necessário para que ele cresça em virtudes e valores.
Ele cuida! Ah, todo mundo saiu inteirinho de lá... A única explicação é que Ele cuida... hehehehehe Brincadeirinha! Mas é sério... "todos devem zelar pela segurança uns dos outros"... é Ele cuidando, sabem? Usando-nos como instrumentos na vida do outro. Os planos de Deus são perfeitos. Enquanto um é protegido e mal nenhum o atingi, aquele que protege vive a maravilhosa experiência da ajuda, da caridade, do estender a mão, do AMAR.
E o 5º dia, vocês me perguntariam? Na verdade, na verdade... tá igual aos outros. Trabalho, saídas, um tempinho em casa. Digo, o mundo tá igual. O que muda é a disposição do coração. É a alegria e o bem-estar aparentemente inexplicáveis que invadem o coração de vez em quando que muda tudo... toda vez que lembro que existem pessoas como vocês, que existem momentos que serão sempre inesquecíveis e que existe um Deus que cuida, que ama e que perdoa!
Algumas vezes tive sim que fazer um esforção pra não desanimar e não fazer mal feito o que estava fazendo. Hoje, por exemplo, errei um monte de coisa lá no laboratório, até quebrei uma seringa... aiaiai... deu vontade de voltar pra casa mais cedo... hnfff... mas... levantei e continuei... Daí as coisas passaram a dar certo? Não! Mas quem disse que tudo vai dar certo só por que a gente fez o acamps? O acamps nos deu força pra não desanimar, nos mostrou que precisamos dos outros nos momentos difíceis e nos felizes, e que com a bênção de Deus (ou seja, a sua presença!) nada que vá nos atingir é realmente mal.
Tudo isso sem contar as musiquinhas que hoje animam mais o meu dia... passei o dia de hoje ao som (mental) de "Raio de luz, dentro de mim, cisco no olho, não é ruim! Emanueeeeeeeeeeel, eu vou pro céééééééu, pra ser feliz! =DDDDDDD"
Bom... é mais ou menos isso que tinha pra partilhar... essas são minhas primeiras pérolas do meu 5º dia e queria muito partilhar com vocês... hehehehehe
A todos, beijos e abraços saudosos de um irmão de tribo que já ama vocês!!! Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimeão, HUHU!!!!!! =D

Sobre a novidade do novo e a vontade insaciável de escrever

Tudo que é novo chama atenção. Tá, nem tudo, mas muita coisa.

Quando conhecemos algo novo ou começamos a fazer uma coisa diferente, começamos empolgados e aquilo não raro invade o nosso pensamento sem pedir licença, mais do que gostaríamos muitas vezes. Quem não experimentou isso ao fazer o Orkut? "Quero encontar logo meus amigos. Fiquei sabendo que podemos encontrar aqueles colegas da 5ª série. Tantas comunidades legais, quero entrar em todas. Hummmm, ver as fotos daquela gatinha...". Nos logamos todo dia, várias vezes... (ok, ok, isso não é regra, mas comigo foi assim...)

E quando começamos a malhar? Opa, quero logo que chegue amanhã. Fazer avaliação, começar uma nova série... "Yea Yea, já tô ficando fortinho..." Dançar!!! Ahhhh, começar uma dança nova. As primeiras aulas sempre cheias de novos passos, damos um upgrade de 100% na primeira semana e já achamos que somos oooo dançarino.

Vai a primeira semana, vai a segunda semana, vai a terceira semana, e o que era novo fica velho, o que era novidade vira conversa batida... Pois bem, todo esse papo pra dizer que...

Estou com uma vontade insaciável de escrever... escrever... escrever... aaaaaaaaah... fazer várias postagens, falar sobre tudo que quero e o que não quero, só pelo prazer de escrever... Fui almoçar depois de escrever o post abaixo... nem conversei direito só pensava sobre os temas dos futuros posts... Retrospectiva 2008 em palavras; Planos que tenho para 2009; Planos que Não tenho para 2009; Sobre os livros que li e os livros que não li; Sobre as piadas que já contei; Retrospectiva 2008 e o Gmail...

E por aí vai... ou melhor, virá...

E tudo isso por que é tudo novo... Nooooovo... A idéia de ter um blog é nova, o blog é novo, escrever sobre assunto nenhum e qualquer assunto é algo que chama atenção, é novidade... Espero que não seja novidade passageira, espero que não seja fogo de palha. Afinal, escrever é sempre novo. O assunto nunca é o mesmo. E se for, a abordagem é sempre diferente. Além disso, escrevemos com o que somos, e somos outro a cada dia. E tudo é novo de novo.

Mais do que novidade, escrever pra mim é uma paixão que finalmente coloco em prática. E sobre esses amores (talvez pra sempre, talvez efêmeros) diria o poeta:
"Que seja eterno enquanto dure"

Sobre o Sobresss

20 de dezembro de 2008.
O fim de ano se aproxima, e, como todo bom e velho e ser humano, me rendo ao costume de fazer planos para o ano que há de vir e rememorar nostalgicamente acontecimentos do ano que há de ir...

Este blog de certa forma é fruto desses planos, embora seja mais fruto de uma sugestão dada por meu irmão. Após mostrar um poema que fiz sobre o Ano Novo (meu primeiro poema! ou seria poesia? oO alguém sabe a diferença?), ele sugeriu que eu fizesse um blog. Segundo ele poderia parecer meio gay a idéia de ter um blog... Discordei... Mas entendo em partes essa opinião (que aliás não é opinião dele).

De fato, um blog pra falar do que aconteceu no meu dia, pra colocar fotos bonitinhas que tirei e fazer declarações de amor e amizade... afff... é, isso talvez seja meio gay... Mas essa não é a idéia do Sobresss... Não, não mesmo...

O Sobresss nasce unicamente para postar idéias, pensamentos, vez ou outra para falar de minha vida, mas tudo e sempre de uma forma mais literária que informativa. Não pretendo contar acontecimentos simplesmente... pretendo contar contos, crônicas, contar idéias e vez ou outra piadas... e às vezes não contar nada, mas deixar que imagens falem por si mesmas...

Ah sim, no começo disse que este blog nasce também como fruto de planos para 2009. Quem me conhece sabe que gosto de escrever e já tive muiiiiitas idéias de livros. Já comecei alguns (sim, algunsssss no plural bem plural mesmo...) e não passei da 3ª página com nenhum. É que às vezes falta prática, às vezes faltam idéias e sempre falta tempo... Bom, 2009 promete (depois falo sobre isso) e um dos planos é aprimorar minha escrita e permitir-me tirar algumas tardes para ensaiar alguns ensaios literários... O Sobresss vem me ajudar na prática, só isso...

Como iniciante que sou... como iniciante que sou às vezes escrevo mais do que deveria. Pois que seja entendido o que dito não foi...

Enfim, I hope you like it...

E vamo que vamo...