segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre uma ideia funesta

Barulho! Muito barulho!
Asssim foi a manhã do quinto dia de trabalho de Marcos. Na garagem, onde ficava sua sala, estava sendo construída mais uma parte do departamento. Em especial naquela manhã, os pedreiros, não por maldade ou mesmo por vontade própria, fizeram muito barulho. Martelo, martelo, martelo, MARTELO!!! Furadeira, martelo, madeira caindo, martelo! Furadeira, vassoura, madeira caindo, furadeira, martelo, ferramentas batendo, misturando cimento, martelo, martelo, furadeira, martelo!!! AHHHHHHHHHHHH!!!

Em meio a tudo isso, os dois companheiros tentavam manter a calma, e, mais do que isso, levavam tudo numa boa, fazendo atá piada de tudo aquilo:

- Daqui a pouco a gente vai ter que gritar pra ouvir um ao outro.

- Como se não bastasse todo o barulho, ainda tem um safado que fica assobiando ali atrás.
- hahahaha Boto fé que a gente pode fazer uma rave aqui embaixo e ninguém vai notar.
- Ah, talvez os pedreiros. Mas a galera de cima, a gente pode até cobrar entrada, vender bebida e botar um sonzão que ninguém nemmmmm...
- Tipo isso... hehehe

A manhã passou sem nenhum transtorno, fora o barulho intenso, e pra variar sem nenhuma visita, ou trabalho. Pela tarde, no almoço, os dois conversavam sobre sua situação, sem jamais perder o bom humor.

- Eu estava pensando aqui - dizia Marcos. Já imaginou o dia em que tiver uma festa lá em cima? Ou sexta-feira a tarde, em que tiver um happy-hour?

- Hãn. Que tem? - perguntou Ronaldo, já sorrindo.
- Cara, ninguém vai nem chamar a gente. Vão esquecer, e se a gente ficar sabendo e aparecer vão perguntar: quem são esses dois aí? Alguém conhece?

Ronaldo riu longamente e completou:

- E já pensou no nosso aniversário? Vai ser eu e você lá embaixo com um bolo e assoprando velinha, mais ninguém.

Os dois riram da tragicomédia em que estava virando seu trabalho.

Pela tarde, após o almoço e a sesta, os dois separavam pilhas de documentos para serem arquivados. As folhas velhas e empoeiradas deixavam suas mãos ásperas e seus narizes sensíveis e alérgicos. Para trabalhar melhor e sem riscos, passaram a usar luvas de borracha e máscaras de proteção. Pareciam estudantes de medicina em suas primeiras aulas de anatomia: todos protegidos e cuidadosos.

Os ruídos da construção continuavam intensos e juntando-se ao trabalho chato e entediante de separação dos papéis, levaram Marcos a perder a tranquilidade que até agoa havia mantido. Sua cabeça latejava de dor e sua vontade era de abandonar o posto e voltar só na segunda-feira. No entanto, decidiu-se por aguentar firme as últimas horas antes do fim de semana e manteve-se trabalhando.

A cabeça latejava loucamente, e os olhos se fechavam constantemente para aliviar a dor. Para tentar esquecer a dor e deixar de lado o tédio, Marcos relembrou a conversa que tiveram no almoço sobre as festas e o abandono.

- Ronaldo, com esse barulho todo, e esse abandono em que estamos aqui em baixo, cara, sabe o que a gente pode fazer?

- Han? Lá vem besteira... pode falar...
- Cara... a gente pode...- disse Marcos rindo. Dessa vez, a ideia lhe parecia tão absurda e ao mesmo tempo cômica que o garoto riu durante minutos até poder completar a frase. ... cara, a gente pode matar alguém aqui e esconder num desses armários que ninguém vai ficar sabendo.
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, riu Ronaldo - compartilhando do bom humor do companheiro. Cara, não vai ter perito da polícia federal que descubra o corpo aqui em baixo.

Os dois riram por muito tempo, completando a piada com elementos mais sórdidos ou não. É claro que fora apenas uma piada, e que jamais um dos dois pensaria em realmente matar alguém.

Barulho, poeira, dor, risadas incontroláveis... mais barulho... ideia... barulho... martelo... ideia... não seria um bom passatempo? Um desafio, quem sabe???

Haveria ali algum armário vazio e sem tranca???

TADÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!! =S

Não perca o próximo episódio: a ideia ganha vida, mas quem será a vitíma???

Um comentário:

  1. É endoideceu!
    Preciso passar um texto para vc ler, Migows. Fala sobre o lado literário dos servidores. Em você vejo o texto em questão tomar vida! Hehehe!
    Beijo e boa sorte, amigo!

    ResponderExcluir