sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sobre um quadro

Havia um quadro.
No quadro havia uma rosa.
A rosa trazia paz, era chamativa e cativante.

O pintor olhava a rosa.
A rosa o encantava e ele a contemplava.
O pintor apenas a contemplava.


Havia, no quadro, pássaros.
E uma dona que colhia flores .
A dona não colhia a rosa.

O pintor olhava a rosa.
A rosa o encantava e ele a contemplava.
Apenas a contemplava.


No quadro havia um céu e nuvens.
Nuvens de um lado e céu aberto de outro.
Havia o sol, que iluminava a rosa.

O pintor olhava a rosa.
A rosa o encantava e ele a contemplava.
Apenas a contemplava.


Havia uma planície imensa.
Na planície a dona colhia as flores.
E os pássaros cantavam com ela.

O pintor olhava a rosa.
A rosa o encantava e ele a contemplava.
Apenas a contemplava.


Certa vez, o sol escondeu-se nas nuvens.
A rosa não estava mais iluminada.
A rosa ficara apagada.

O pintor viu-se obrigado a não olhar a rosa.
O pintor olhou a dona, os pássaros e o céu.
Atrás das nuvens percebeu o sol.

Ele sempre soube que havia um sol.
Ele sabia dos pássaros e da dona.
O pintor nunca reparara como eram belos.

O pintor não quis mais olhar o quadro.
Ver o quadro lembrava a rosa.
A rosa estava apagada.

Houve no quadro um deserto.
O deserto matou a rosa.
A dona e os pássaros foram embora.

Havia um quadro.
No quadro havia um deserto.
Havia um sol atrás das nuvens.


O sol saiu de trás das nuvens.
Havia uma rosa.
Uma rosa no meio do deserto.

O pintor voltou a olhar o quadro.
Havia a rosa e o deserto.
Havia o sol, o céu e as nuvens.

Havia um quadro.
No quadro havia uma rosa no deserto.
No deserto havia uma dona.

A dona não tinha o que colher.
A dona, com os pássaros, admirava a rosa.
A rosa era iluminada pelo sol.

O pintor voltou a olhar o quadro.
Havia a rosa, o deserto, o céu e o sol.
Havia as nuvens e a dona e os pássaros.

O pintor olhava a rosa.
A rosa o encantava e ele a contemplava.
A contemplava e aos outros.

A nuvem, o céu,
A dona e os pássaros,

Todos estavam no quadro pela rosa.

A rosa encantava.
Todos contemplavam a rosa.

A rosa estava no quadro pelo sol.

O pintor olhava o sol.
O sol dava vida ao quadro.
O pintor olhava o quadro e se alegrava.

Quem passava e olhava a dona, a nuvem, o deserto, os pássaros
Não olhava o quadro
Olhava a dona, a nuvem, o deserto, os pássaros.

Quem passava e olhava a flor
Olhava o mais bonito
Mas não podia compreender.

Quem olhava o quadro.
Achava belo e fascinante.
Só.

O pintor olhava o sol, depois olhava a rosa.
O pintor, então, olhava o deserto, a dona, os pássaros, a nuvem
O pintor compreendia e se alegrava
.

3 comentários: