terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sobre dois sábados

Ele estava correndo no parque. Ela, acordando. O sol, que incidia sobre a paisagem vislumbrante que ele observava enquanto corria, iluminava todo o quarto dela enquanto, sonolenta, fechava a cortina para dormir mais um pouco. Ele agradecia ao astro, ela esbravejava contra ele.

Quando finalmente levantou, ele já estava em casa, banho tomado, preparando o segundo café-da-manhã. Ela foi ao banheiro, lavou o rosto, escovou os dentes brancos e os cabelos emaranhados e foi para a cozinha comer um grande pedaço de bolo de chocolate.

Ela comeu e ligou a TV. Ele respondeu e-mails e foi ler um romance de Machado de Assis. Ainda com a TV ligada, ela preparou o almoço. Depois de ler, ele ligou para os amigos e foram almoçar em um restaurante. Enquanto ela comia e falava ao telefone com uma colega, ele voltava para casa ouvindo Jack Johnson, batucando no volante. Ele fez a sesta, ela lavou a louça.

Mais tarde, ambos foram ao shopping. Ela foi comprar uma sandália para as baladas, ele, uma chuteira para o futebol. Encontraram-se na mesma loja. Havia algum tempo não se viam: duas semanas, talvez - disse ela, tentando parecer descontraída.

Ele a chamou para lancharem. Ela aceitou o convite. Conversaram bastante. Ele contou seu dia, ela mentiu sobre o dela. Depois de comerem, ele, educadamente, a convidou para um cinema. Ela recusou. Disse que tinha um compromisso a noite e precisava se arrumar.

Despediram-se e separaram-se, mais uma vez.

Ela saiu com a amiga à procura de um novo amor, desejando ter superado tudo da forma como ele superou e ter tido o dia que ele teve. Ele chegou em casa, ligou o som, deitou na cama e, apaixonado, desejou um dia voltar para os braços dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário