sábado, 31 de julho de 2010

Sobre o fim do mundo

E chegaram ao final do mundo. Dias e dias de viagem recompensados por aquela vista. Lá estavam eles, em fim, no último lugar onde se poderia chegar. E contemplavam o universo que se via além mar. À sua frente, não havia mais nada, senão um imenso abismo intocável em que estrelas faiscavam brilho e cometas que viajavam na densa escuridão.

Cortaram o silêncio sepulcral que reinava.

- Chegamos, meu bem. - disse a mulher, olhando profundamente nos olhos do amado.
- É incrível, não é? - respondeu o homem, maravilhado, encarando o infinito. - O fim do mundo, onde não há mais nada além do resto do Universo.

Sentaram-se na barca e por muitos dias se contentaram em apenas contemplar, em silêncio. Era um momento mágico, convidativo. O silêncio que precisam experimentar aqueles que chegam ao fim de tudo.

Eles tinham todo o resto do Universo pela frente, haviam atravessado todo o mundo conhecido, e tudo o que ficara para trás lhes parecia agora pó, e nada mais que pó.

E, assim, se entregaram à imensidão, ali mesmo, sentindo seus corpos se desfazerem à medida que suas vontades desapareciam. E viraram estrelas.

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