terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre luzes, movimentos e silêncio

Assim foi...

Estava deitado em sua cama, esperando dar a hora de se levantar. Faltavam pouco mais de dois minutos e o despertador tocaria. Estava sem sono, e sabia que não dormiria mesmo fechando os olhos. Fechou-os. O sol que entrava pela janela ainda era pouco, e, com as pálpebras cerradas, formou-se uma escuridão completa e densa.

Enquanto esperava o ruído do despertador, respirava calmamente e pensava nos próximos momentos do dia assim que se levantasse. Mas esses momentos nunca chegaram.

Esperou o toque, o despertar. Passaram-se dois minutos, mais. Quando se deu conta do tempo, pensou que dormira, mas estava bem desperto.

- Ou o despertador parou - pensou.

Abriu os olhos...

...

...

A escuridão densa não se desfez. Assustado, piscou várias vezes para tentar enxergar. Nada aconteceu, e a escuridão continuava absoluta. De repente, sentiu um solavanco no corpo e, simplesmente, deixou de sentir seu próprio peso.

- Estou flutuando... morri?

A sensação era gostosa, disso ele sabia. Era como voar, era como estar livre. Deixou-se levar pela sensação e sentiu seu corpo subir, subir, subir...

Uma luz surgiu num lugar distante. Um pequeno ponto luminoso.

- É a famosa luz no fim do túnel? É essa a paz que experimentamos ao morrer?

A luz ficou mais forte. E à medida em que se aproximava - não poderia ter noção do espaço, mas sabia que ainda estava muito longe da fonte da luz - percebia não um, mas vários pontos luminosos. O negrume que tomava conta de tudo era como um céu a noite, e as luzes eram como estrelas.

Sentiu novamente o solavanco por trás e começou a flutuar a uma velocidade extremamente grande. As luzes se aproximavam e cresciam.

Começou a se formar uma galáxia ante seus olhos e seu corpo adentrou em uma nuvem de poeira cósmica. As luzes transformaram-se em gigantescas estrelas para as quais podia olhar sem que ardessem seus olhos. Em volta das estrelas, planetas desabitados com seus satélites moviam-se rapidamente. Ao longe divisou algumas explosões em uma estrela. Viu planetas se chocando. Tudo passava num piscar de olhos, seu corpo flutuava em meio a monstruosas estrelas e imensos planetas, mas seu cérebro absorvia pouquíssimo de todas as informações. Tudo passava em milésimos de segundos.

Viu a explosão de uma estrela e tudo sendo sugado para o centro antes mesmo que a explosão terminasse. Estava em meio a um caos de luzes, movimentos...

...então se deu conta que mesmo em meio a tanto movimento tudo era silêncio. Um silêncio que nunca experimentara. Profundo.

Estava no meio do universo, em silêncio, voando acima da velocidade da luz e vislumbrando em pouquíssimos segundos toda uma história de bilhões de anos. Não sentia seu corpo, não enxergava suas mãos. Sentia-se pequeno como um átomo...

A viagem continuou por muitos minutos. Nebulosas, supernovas, cometas, planetas... tudo passava por si numa velocidade assustadora.

Parou! Ouviu uma voz: "Que é sua vida ante tudo isso?"

Acordou!

Um comentário:

  1. Carambaaa!!! Como vc consegue escrever assim?! #admiração!!! Mta inquietação e incômodo ao ler o texto!!! #fazpensar

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