quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sobre um grande desafio

Lá estava ele. A montanha à sua frente. Imensa. Imbatível. Seu cume a 8000m de altura, e ele tão pequeno.

Mochila às costas, equipe de apoio vindo em breve, e alguns dias à frente para enfrentar o grande desafio. E como era grande o desafio. Contemplando a altivez e imensidão do amontoado de terra que teria que escalar, sentiu-se só e desprotegido naquele exato segundo.

Naquele exato segundo, lembrou-se de todos os dias de preparo, das longas caminhadas, dos montes menores sendo escalados. Pensou em todo o esforço, desgaste, cansaço e, às vezes, vontade de desistir. Não foram poucas as vezes. Mas nada disso o abalara. Permaneceu firme, apesar de todas as desesperanças. E a cada dia sentia-se mais preparado, mais confiante.

Mas ali, naquele exato segundo em que visualizava à sua frente seu oponente, desesperou-se. Por um único segundo, um breve e pavoroso segundo.

"É muito alto. Meu Deus, é muito alto. Eu não consigo. São muitos dias de muito sofrimento se eu quiser chegar no topo. Muito cansaço, muito frio. E é muito alto! Metade disso já seria difícil. Meu Deus - pensava, ofegante - é muito... alto."

O segundo foi breve. Breve, mas pavoroso.


Agora, olhando para baixo, para os 8000m escalados com bravura e persistência, lembrou-se daquele segundo. Aquele exato segundo em que quase todo o sonho caíra por terra. E percebeu que, na verdade, o maior oponente que tivera que enfrentar ao longo de toda a jornada não fora a imensa montanha que se colocava imponente à sua frente. E percebeu que o momento mais difícil, o momento decisivo, não fora o estar faminto e com frio antes de subir os últimos metros. E que a grande vitória não fora colocar a bandeira no topo da montanha.

Vencer-se a si mesmo naquele exato segundo, amedontrador, desencorajante... e o primeiro passo - sim, o primeiro passo - que a ele se seguiu...

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