quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sobre um palhaço


Você já viu um palhaço triste? Colocando uma trouxa de roupas nas costas e saindo em direção ao horizonte? Que dor! Você já viu um palhaço chorar os amores perdidos? Você já sentiu a tristeza amarga de uma noite forçosa, de um esmagar dos sentimentos para que ria a plateia? Que ria a plateia! E aplauda a dor escondida! Você já se perdeu, como se perde um cão, vira-lata, em busca de um lar que não tem? É assim que se sente o palhaço, perdido, sem lar. Que angústia! Você já colou na prova por temer não passar de ano? Pois não se pode colar na vida. E o palhaço o sente por não poder dar um jeitinho, arrumar as coisas sem partir, fingindo que pode. É por isso que naquele dia quis partir. Não pôde mais fingir. As risadas transformaram-se em sons excruciantes, agulhas afiadas. Então ele apenas se foi, apenas quis voltar, não se sabe pra onde.

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