sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sobre valer a pena!

No fim da tarde, quando o sol já se ia pondo e podia ser visto como uma imensa bola alaranjada descendo para a linha do horizonte, os dois companheiros pararam para descansar da jornada e apreciar o belo ocaso. Grilos entoavam seu canto cotidiano e pequenos pássaros podiam ser vistos nos galhos de algumas árvores soltando notas melodiosas e harmônicas.

O cansaço da caminhada abateu os viajantes assim que pararam. Poderiam caminhar mais duas horas se fosse preciso, mas não conseguiriam ficar sentados sequer 10 minutos sem dormir. Decidiram levantar acampamento ali mesmo, parando de caminhar um pouco mais cedo aquele dia. Retiraram a bagagem das costas e montaram a barraca. Enquanto trabalhavam, ouviam a natureza e admiravam a paisagem à sua volta.

- Será que algum dia chegaremos lá em cima?
- Temos que chegar. Não há outra opção, há? Viemos até aqui, deixamos um monte de coisas para trás, pra dar meia volta e fugir?
- ...

O companheiro ficou calado um instante, abatido pelas dificuldades da caminhada. Sabia que não estavam longe, mas seu corpo doía e a falta de ar furtava-lhe a animação. Já se passavam 2 meses que estavam viajando, alimentando-se de míudos e dormindo em locais pedregosos, absolutamente sem conforto. Pensar que poderia não valer a pena tanto esforço angustiava-lhe sobremaneira.

- Como é? Está pensando em desistir mesmo?
- Não sei!
- Hmmm... qualé! Qual a dúvida?
- Será que vale a pena?
- ...

Ele não poderia dar uma resposta pronta. Até por que não a tinha. Será que valeria a pena? Fazia-se a mesma pergunta desde o primeiro dia em que colocou o pé na estrada.

- Não sei. Mas com certeza não terá valido a pena vir até aqui e desistir, concorda? Entrea a derrota certa pela duvidosa, prefiro a duvidosa.
- É verdade! Nisso você tem razão. Não terá valido a pena vir até aqui. E talvez valha a pena ir um pouco mais longe.
- De fato.
- Então vamos terminar de montar acampamento, descansar e seguir viagem.
- ...
- O que foi?
- Sabe o que eu estava pensando?
- O quê? Por favor, não me desanime novamente.
- Dormir é pros fracos!!! Vamos seguir agora!

Os dois soltaram uma gargalhada gostosa que lhes restaurou as energias. Pararam por mais um segundo para retomar o fôlego perdido pela risada, desmontaram acampamento e partiram.

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