segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre tomar para si

Foi uma experiência única, fantástica. Ele estava sentado no banco, apenas olhando para frente e contemplando a vida. Revisava os últimos dias, a correria, o cansaço e buscava dar um sentido a tudo aquilo por que passava. Aos poucos, uma paz tomava conta de si, mas sabia que tão logo saísse dali os tormentos continuariam.

Sem que ele notasse, ela se aproximou e sentou ao seu lado. Calada, recostou a cabeça em seu ombro e chorou. Ele, surpreso, apenas segurou sua mão e permaneceu ali, firme, sem questionar ou enchê-la de perguntas desnecessárias. O choro era amargo e ele sentia a respiração ofegante da garota tomar conta de todo o corpo dela.

Depois de um tempo, ela começou a falar. Não foram muitas as palavras, e nem explicavam tudo aquilo que ela sentia, ou o que a fazia chorar, mas foram tão intensas e cheias de dor que ele ficou intensamente comovido e perdido, sem saber o que fazer para ajudá-la.

- O que posso fazer pra te ajudar?

- Nada. Só esteja ao meu lado.

Ele permaneceu firme, mas chorou por dentro, desejando ardentemente que toda aquela dor lhe fosse transferida. Se ele pudesse, tomaria sobre si toda a angústia que estava no coração dela e juntaria às suas próprias, não importava o quanto ele mesmo passaria a sofrer, desde que ela fosse poupada da dor.

E ele desejou isso verdadeiramente. E quando o desejou, passou a compreender muitas coisas.

2 comentários: