terça-feira, 7 de abril de 2009

Sobre tons suaves


Ele sentia a harmonia do mundo. Era só o que lhe ocupava. Apenas respirar e sentir. Respirar e sentir. Havia algo a mais no espaço além do que se podia ver e além do que ouvidos desatentos poderiam ouvir. Ele sentia, e sabia.

Os acordes soavam fortes e perdiam-se ao longe, inaudíveis, mas ainda vivos. Sempre vivos. Vivos porque o som tão logo nasce propaga-se para sempre, perdendo-o de vista quem o tocou. O som nasceu para o infinito e só no infinito ele pode ser sentido.

Ele sentia a harmonia e ela o fazia viver. Ele vivia para ouvir, ele ouvia pra viver. A música dizia que tudo é harmonia, mas que algumas notas às vezes saem distorcidas e que grandes árias são tocadas para ouvintes despreparados.

A música cantava-se e pedia para não ser ouvida somente, mas ser sentida, ser querida e repetida. "Só se vê bem com o coração". E o coração contém a alma da música, do som e da vida. E a música da alma é o amor.

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