domingo, 20 de junho de 2010

Sobre um minuto da sua atenção

Oi, seu môço. Favor me dê 20 centavos de sua atenção. É, pois, se tempo é dinheiro, seu minuto de trabalho deve valer esse montão.

Sim? Grato.

É que é o seguinte: eu sou homem direito, e por trás desse jeito, meio tosco meio amargo, sou estudado. Sou sim, sinhô. O "sinhô" não é interior, é arte. Pura forma de abrir o encarte.

Sem mais delongas, este homem que vos fala, outrora foi escravo. Da burocracia, da necessidade, das inverdades vendidas por essa sociedade. Escravo sem corrente, sem chibata ou porrete. Só escravo mesmo. Escravo 'livre', como esse tanto que por aí se vende.


Enfim, escravo eu fui. Mas troquei, troquei mesmo e não me arrependo. Troquei o estômago pelo coração. E hoje sigo essa canção que hoje bate em meu peito.

Mas nem tudo é perfeito.

Não, nem tudo é perfeito. Se antes o coração doía, hoje dói-me por inteiro. Dói o braço, a perna e a barriga. Esta dói é de falta de comida. Triste vida!

É que o contar histórias não vende nada. Os homens que por aqui passam querem utilidade. Não se importam com canções, nem sonhos. Querem expulsar o que não é produtividade. Não os culpo. Tampouco apóio. Acho que é tudo um grande conluio pra enriquecer os que não se esforçam.

E aí, aqui tô eu. De história em história. Me resta dos dias idos a memória. Memória do dia que dormia num colchão, com cobertor. De manhã, comida. Em casa. Mas de noite, bem na calada, meu coração suspirava. O amanhã era dia de vender minha verdade, pra pagar a comida e no fim de semana, a balada.

E aí troquei o estômago pelo coração. E hoje sou feliz. Feliz, sim! Pois desde o dia que mudei de vida, só fiz o que quis. Não é carpe diem, é convicção. Não se engane, não. Sou mais consciente que essa gente que fala e fala e fala... e fala...

Mas não dá pra viver de bala. Eu quero viver, para os meus sonhos poder contar. E pra isso, comida preciso comprar.

Já deu seu minuto, seu dotô.

10 pila? Obrigado. Tome aqui 5 conto... é de troco. E dê essa nota pro pai de família, que não pode seguir seu sonho, por que tem que alimentar a mulher e a filha.

5 conto, que lhe dará liberdade de gastar bem uns 25 minutos, tempo precisoso, como quiser, simples assim... livre.

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