quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sobre solidão

Sentou-se, encostou a cabeça entre os joelhos e, colocando a mão sobre o rosto, ... chorou. Chorou o choro amargurado daqueles que não encontram abrigo para seus corações. Chorou atravessadamente, sem se importar com os que estavam em volta, distraídos em seus mundos particulares.

A música tocava alta, as luzes iam e vinham, fazendo percursos circulares aleatórios. No meio do salão, mulheres suadas escondiam seus verdadeiros rostos sob um mar de cores artificiais. Olhando e desejando essas mesmas mulheres, homens arrumados e "boa-pintas" se reuniam em grupos conversando sobre as melhores investidas.

Naquele dia, nada disso importava para ela. A magia envolvente da noite se dissipara como uma névoa rala em um dia de sol. A euforia, geralmente incontrolável, produzida pela música e a multidão a dançar não lhe tocava mais a alma. Ela era desconsolo e solidão.

Mesmo rodeada por muitas pessoas, entre elas muitos amigos, ela sentia a solidão. Solidão que não era estar só, mas em ser só. Solidão que não dependia da ausência de pessoas, mas da falta de sentido, da falta de uma mão que lhe tocasse o coração.

Desesperada, levantou-se e abandonou a cena. Correu até o carro e começou a dirigir. Apenas dirigiu, sem rumo.

Nos dias seguintes, afatou-se de tudo e de todos. Pouca fala, nenhuma conversa. Estar na presença de pessoas lhe doía, então buscava a solidão.

E na solidão completa encontrou-se a si: amiga inseparável, consolo e companhia.

E se encontrando, também a solidão se dissipou. E, então, voltou a sorrir.

4 comentários:

  1. Miguel, é o Andrézão véi.
    Poxa, conversamos um tempo atrás e você havia me falado do seu blog mas até o momento não tinha visto.
    Poxa, estou de boca aberta meu amigo. De onde tu tirou tais palavras??? tem algum segredo, manha, ou até mesmo algum baú com todas elas??? hahaha

    Miguelito, um grande abraço e parabéns por esse blog, está show de bola viu.

    inté

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  2. EStava escrevendo pra mim ou sobre mim, amigo? Parece que esteve ao meu lado esses dias assistindo meu desespero, mas os dois últimos parágrafos ainda não se realizaram?
    PQ, Miguel, pq??????????

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  3. Pobre ser humano. Sempre em busca da satisfação dos afetos como resposta ao seu desejo de felicidade eterna. Sempre necessitado da atenção e estima dos outros. E não sabe que tudo que sente é desejo de Deus. O “desejo de Deus está inscrito no coração do homem” (Catecismo, pto 27). Todo este tempo Senhor, “Tu estavas comigo e eu não estava contigo” (Sto. Agostinho). “Fizeste-nos Senhor para ti e meu coração está inquieto enquanto não descansar em Ti” (Sto. Agostinho).

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  4. Poooo... bem que os últimos paragrafos poderiam ser fáceis assim!!!
    Se encontrar, se conhecer... acho que não é fácil não!!!
    Enfim, estão ótimos os posts!!!

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